Tempo
de abadá, pouca roupa, biquíni de fita isolante ou fantasias caríssimas; Tempo
de marchinhas, axé, samba ou funk, o Carnaval deste ano – acredite – teve um
forte cunho crítico e de expressão política. De reprimendas à sonegação de
impostos a políticos sendo comparados a ratos, teve de tudo.
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O vampiro foi representado pelo professor de história Léo Morais |
Enquanto
o presidente Michel Temer estava no Norte do país revendo, dentre outras
questões, a dos venezuelanos, e dizendo que a oposição não deveria existir para
derrubar governos, mas para “ajudar os governantes a acertar o rumo”, na
Sapucaí, ele era, digamos, “homenageado” com uma figura de vampiro Drácula, na
escola Paraíso do Tuiuti. Nada muito diferente do pedido de socorro da
Beija-Flor, que levou para a avenida intolerância, violência e outras críticas
sociais com um desfile que muitos classificaram como “pesado e emocionante”.
Isso porque não é só do trio elétrico que o povo vai atrás. Um verdadeiro mar
de gente invadiu o sambódromo do Rio atrás da escola que encerrou o Carnaval
deste ano entoando o enredo da escola, que foi: “Monstro é aquele que não sabe amar
(os filhos abandonados da pátria que os pariu)”.
Mas
não foi só Temer o alvo de críticas, não. Lá no Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella, prefeito da cidade que fugiu da festa e foi para a Europa, segundo
ele para “uma viagem de trabalho voltada à área de segurança”, foi representado
como um boneco de Judas, traidor do carnaval, enforcado pela Mangueira, que
trouxe o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Em resposta, Crivella
divulgou uma nota dizendo que foi vítima de “intolerância religiosa”.
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Vai, bonitão! Agora quero ver... |
De
prefeito no Rio, só o de São Paulo. João Dória esteve por lá para se divertir e
tirar selfies com a galera. Por falar em São Paulo, por lá muitos denunciaram
um problema que toma conta de todos nessa época do ano: A falta de latas de
lixo e de banheiros químicos são desculpas pela falta de educação de jogar lixo
no chão e fazer xixi na rua! Que vergonha... Mas nada muito pior do que arrastões
e afins, ou de ver nossa imagem correr o mundo com turistas estrangeiros serem,
no mínimo, assaltados.
Enfim,
em muitos lugares, o Carnaval acabou. Nesse período, Iemanjá devolveu muita
oferenda, muita gente brincou, dançou e pulou, outras, ficaram no sofá curtindo
maratona de filmes e séries, ou vendo as Olimpíadas de inverno na Coreia. Para
muitos, nenhuma surpresa, para outros tantos, daqui nove meses, veremos o
resultado. Enquanto alguns ainda cantam as músicas que aprenderam, há quem vá
desfrutar uma bela ressaca moral, com direito a frase: “Ah, eu te conheço de
outros carnavais...”. •