quinta-feira, 31 de março de 2016

A ATUAL RIGIDEZ GENERALIZADA


Somos ou estamos intolerantes? E nossas crianças? Será que estamos educando corretamente sobre o que é democracia? Já ouvi uma vez que a humanidade tem tendência a odiar o que é diferente. Se essa é uma verdade, não sei, mas que isto está cada vez mais evidente, incontestável.
Fala-se em guerra, hasteiam-se bandeiras, pessoas fardam-se com uniformes em cores facilmente identificáveis enquanto bradam suas opiniões em meio a, muitas vezes, expressões pejorativas àqueles de opinião contrária. Nas ruas, o sentimento de discórdia impera. Não foi uma ou das vezes que nos deparamos com a notícia de mais uma contenda que chegou à via de fato entre manifestantes que apoiam ou se opõe ao atual governo.
Engana-se, porém, quem acha que isso é algo que parte de baixo pra cima. Enquanto a Presidente da República declara que “não se une o país destilando ódio, rancor, raiva e perseguição”, seu mentor e também ex-presidente, declara abertamente aos quatro cantos em alto em bom som, palavras belicosas como: “(...) se os coxinhas ‘aparecer’ vão levar tanta porrada que eles nem sabem o que ‘vai acontecer’.”.
É isso mesmo que você quer ensinar ao seu filho?
Enquanto isso, vemos circulando pelas redes sociais, coisas como essa imagem, de uma mãe que além de incentivar o filho à cólera, faz apologia ao ódio. E não é a única insana a fazer isso. Não faz muito tempo que uma mãe postou um vídeo – que já foi devidamente removido – com o filho de apenas cinco anos repetindo como um papagaio de pirata, palavras de infâmia contra o ex-presidente.
A pergunta para todos nós é: “Até quando seremos coniventes com esse tipo de crime?”. A única resposta que eu sei é que a diferença pode ser iniciada a partir de nós, quando quisermos. E rogo para que queiramos logo.

Mas não adianta apenas apregoar palavras bonitas. Precisamos viver de modo condescendente. Ser mais bondosos, pacientes e principalmente tolerantes com aqueles que não partilham das mesmas opiniões que as nossas. Faça a sua parte. Comece agora.

quarta-feira, 23 de março de 2016

AFINAL, VAI MESMO TER GOLPE?


“Não vai ter golpe!”. Foi essa a frase que mais ouvimos na última semana. Mais até que aquele “trá-trá-trá” daquela maldita metralhadora no último carnaval. Mas afinal de contas, o que leva a todos – governo e oposição – a dizer isso?




Posição Governista
Em discursos inflamados, seja em palanques em ruas abarrotadas ou nos salões do Planalto, os governistas bradam a frase a todo o tempo, alegando que a oposição tenta colocar em xeque a legitimidade de seu mandato com medidas questionáveis, atentando contra a democracia.
Posição Oposicionista
Concordando com o bordão, mas não com o argumento, os oposicionistas defendem que o impeachment seja um instrumento legal e legítimo, que se aplica aos governantes que cometam crimes de responsabilidade e que nesse processo, será investigado se a atual Presidente se beneficiou ou nada fez para conter a corrupção em seu mandato, sendo dado a ela o direito integral ao contraditório e à ampla defesa.
Isso chamou a atenção de boa parte da imprensa internacional, onde veículos de comunicação dos mais variados começam a noticiar – ou a especular – sobre o tal Golpe de Estado. Até mesmo Presidentes de alguns países já chegaram a dar declarações a respeito disso.
Por aqui, em entrevista, o Presidente do Senado deixou a entender que o atual processo de impeachment contra a Presidente, cheira a golpe. Entretanto, nos bastidores, o que se ouve dizer é que ele não tem a mesma posição, dizendo que para o governo, a situação “não tem mais jeito”. E não é apenas o mencionado político – que ocupa um cargo dos mais importantes – tem essa posição ambígua. Existe um enorme número de políticos que se mantém em cima do muro, para que no final das contas, não sejam aniquilados, seja qual for o lado vitorioso.
Nesse ínterim, muitos se misturam à surdina, se organizando, se associando e até mesmo estruturando um possível governo de transição, o que, do ponto de vista do governo, é uma traição, mas para a oposição, uma articulação legítima. Já para os que se mantém em cima do muro, uma necessidade prática.

E pra você, qual é sua posição?

segunda-feira, 21 de março de 2016

CONVERSA DE BOTECO


Dois amigos conversavam sobre a atual situação político-econômica do Brasil, quando um deles, de maneira revoltada brada:



– Pois tenho pra mim que a gente tinha era que anexar a Argentina ao Brasil, assim o Macri tomava logo conta dessa m**** toda!
Nessa hora o amigo retrucou:
– Você tá pensando pequeno! Anexa logo o Uruguai também, assim a gente já fecha com Suárez, Neymar e Messi!

Nem é preciso dizer que o último foi ovacionado pelos demais presentes...
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sábado, 19 de março de 2016

QUEDA DE BRAÇO



Não existe melhor definição para o que está acontecendo no país nesse momento. A conturbação é tanta, que não se fala em mais nada. O assunto não se exaure. Muito pelo contrário, ganha força a cada hora que passa, pois tal qual uma novela, tudo parece se arrastar com a apresentação de novos acontecimentos e personagens.
Enquanto de um lado, a opinião é de que a operação “Lava-Jato” é um sucesso nunca antes visto, para outros é um tipo de “Caça às bruxas”, instigado por aqueles que perderam as eleições. O fato é que o Governo de maneira geral está cada vez mais disposto a guerrear tanto com justiça quanto com o próprio povo, que de maneira geral está cansado de ver a corrupção oxidar o país. São queixas contra juiz federal partindo da própria Presidente, reclamações em relação à exposição de conversas telefônicas colocando em xeque a autenticidade de sua obtenção e até ameaças à Polícia Federal do recém-nomeado Ministro da Justiça, que segundo alguns apenas assumiu a pasta para de alguma forma frear a “Lava-Jato”.
Enquanto isso, manifestações de todos os tipos cortam a cidade, milhares de pessoas com uniformes, bandeiras, gritos a favor e contra o atual governo. Artistas aproveitam o momento para ir além da sua manifestação e se exibem em shows dos mais variados estilos. Quem ganha também são os fabricantes de panelas, já que panelaços também fazem parte dos protestos.
As gravações feitas pela “Lava-Jato” também são alvo de divergência, principalmente porque elas foram divulgadas pela imprensa aumentando ainda o alvoroço por parte de todos – Situação e Oposição – com as mais variadas opiniões a respeito do teor apresentado. De um lado, a contestação é se tal operação seria para produzir novas provas contra o ex-presidente, fazendo desta uma prova adquirida de maneira ilícita, ainda mais com a divulgação dela, que deixaria o atual Ministro da Casa Civil mais vulnerável e sem qualquer possibilidade de defesa.
Por outro lado, as críticas sobre a atitude da Presidente, que apareceu em um desses áudios, são muitas, inclusive a de que ela cometeu crime de responsabilidade obstruindo a atuação da Justiça e falta de decoro, além de dar indícios que derrubariam a alegação de sua inocência.
Alguns favoráveis ao Governo chegaram até a pedir a destituição do juiz federal responsável pelo “vazamento” da gravação por meio de um abaixo-assinado, com a justificativa de que o juiz não apenas cometeu um erro jurídico, mas contrariava procedimentos previstos em lei, inclusive na condução coercitiva do ex-presidente – que foi um tipo de gota d’água para o início desse embate – sendo o juiz imperito, imprudente e negligente. Esse mesmo juiz foi ovacionado por milhares de pessoas na maior manifestação registrada, tratado como herói.
Logo em seguida a esse acontecimento, o Governo anuncia que irá incorporar em seu ministério o ex-presidente padrinho, alegando que é para o bem do país, que está no olho do furacão de uma crise político-econômica – isso não é contestado por nenhum dos lados – e a oposição alvoroçada corre para suspender a posse do novo ministro, impedindo-o de despachar, fazendo com que o Governo recorra da decisão até uma decisão final do Supremo Tribunal de Justiça, a última instância.
Enquanto a Oposição chama essa atitude de “fraude à Constituição”, onde impedir o cumprimento de ordem de prisão de juiz de primeira instância, sendo essa manobra uma espécie de salvo-conduto emitida pela Presidente da República, pois assim sua provável prisão não poderia ser decretada, já que Ministros detêm foro privilegiado, a Situação diz que a nomeação do novo Ministro foi legal e sem qualquer vício, argumentando que o impedimento tem “postura politizada”.
A confusão é tanta, que nos últimos dias, os noticiários dedicam quase todo seu horário a apenas este embate, apresentando brados de todos os tipos, partindo desde a Presidente discursando – em defesa própria no intuito de amenizar a insatisfação, inclusive de seu próprio partido político em relação à condução da política econômica, e em defesa do padrinho nomeado Ministro – até juízes e ministros e advogados ficarem trocando farpas entre si enquanto o povo fica no fogo cruzado, indeciso, discutindo se o impeachment é ou não necessário, gastando seu tempo e dinheiro para apoiar ambos os lados.
É necessário que se tenha a consciência, partindo de nós mesmos, de que o país precisa avançar, sair dessa situação. Não adianta pensar que a atual Presidente saia e assuma seu vice que tudo irá mudar, como num passe de mágica. A frase “Sou brasileiro e não desisto nunca”, não deve servir apenas como slogan para enfeitar para-choques de caminhão. É necessário colocar isso na prática. É preciso renovar e aproveitar essa energia que emerge dos movimentos e exigir que as pessoas que nos representam, sejam responsáveis e pensem no bem comum, ao invés de apenas em seus próprios bolsos. Não adianta ficar discutindo sobre semipresidencialismo, parlamentarismo, impeachment ou qualquer outra coisa, se ficarmos caminhando sem rumo, como estamos atualmente.

E nessa queda de braço para demonstrar quem tem mais poder, a população deve ter a consciência de que o povo é maior, mas deve se dar o devido valor primeiro.

quinta-feira, 17 de março de 2016

O NOVO VELHO MINISTRO

A nomeação do novo Ministro-chefe da Casa Civil nos faz pensar: Seria isso um ato de desespero do atual governo, que está com baixíssimos índices de popularidade? Ou então uma manobra para evitar um possível impeachment, uma provável prisão decretada? O que aconteceu com a máxima dita pelo então Deputado Federal em entrevista para o jornal “O Globo” e depois publicada pelo jornal “Folha de São Paulo” em 16 de fevereiro de 1988, que dizia: “No Brasil é assim: quando um pobre rouba, vai pra cadeia. Quando um rico rouba, vira ministro”? A resposta do próprio seria no mínimo sarcástica...
Logo em seguida aparece a tal conversa gravada, que ao invés de sanar de vez, aumenta ainda mais as dúvidas e as possibilidades. A única coisa que sabemos é que de fato há um estorvo no andamento das investigações contra os escândalos de corrupção.
Em minha opinião também há um real cinismo e uma verdadeira falta de consideração pelo Brasil, como se os envolvidos estivessem realmente provocando a todos que estão indignados e se expressam através de protesto com dimensões jamais registradas na história do Brasil. Não sei se isso é bom ou ruim – para eles – uma vez que a indignação popular parece cada vez mais intensa. Como exemplo, basta ver a reação do povo ao ser anunciado o novo Ministro e a divulgação do tal áudio: Milhares de pessoas foram para as ruas protestar de modo espontâneo em vários lugares, sendo as maiores na Avenida Paulista, em frente à FIESP e em Brasília, em frente ao Palácio do Planalto.
Existe por aí uma imagem correndo como rastilho de pólvora pelas redes sociais, que mostram uma charge em que o ex-presidente apalpando as nádegas da justiça com os dizeres em francês: “Confirmado, o supremo tribunal de justiça do Brasil é uma m***a”, atribuídas ao jornal francês “Charlie Hebdo”. Até então uma montagem, mas é questão de tempo que alguém no exterior acabe por fazer algo assim, já que é evidente que a cúpula dos governantes não dá a mínima para a opinião da maioria. É como se fosse Zagallo, que em junho de 1997, gritou: “Vocês vão ter que me engolir”, com olhos bem vidrados em direção à câmera. Pelo ou menos o velho Lobo tinha acabado de conquistar o título da Copa América...
E o que acontecerá agora? Coisa que nem Mãe Dinah, se estivesse viva, poderia dizer. O que há de concreto é que ainda vem muita coisa por aí...