domingo, 19 de abril de 2020

ENGOLE O CHORO E VIDA QUE SEGUE


Nesse tempo de quarentena, o que mais vejo é pessoa reclamando. Quando não é sobre a pandemia do coronavírus, é sobre a economia, ou por ter que ficar em casa, ou que o marido ou a esposa não fazem nada ou fazem demais... Enfim, a lista é longa. Não importa se estamos vivendo uma crise sanitária, econômica ou social. O que você está fazendo para mudar o seu mundo? Vejo muita especulação e pouca ação.

O ser humano costuma ter medo principalmente de ficar pobre, de morrer, de ficar doente, de sentir dor, de ficar velho ou de receber crítica. Obviamente que não necessariamente nessa ordem.

Aproveite o momento para rever seus conceitos, para se reinventar. A motivação vem a partir de você, que deve reconhecer as coisas boas e ruins que você mesmo esteja sentindo na pele. Pare de culpar o mundo por tudo e veja o que você pode fazer para resolver o que apenas você pode resolver.

O problema maior está na chamada “zona de conforto”, que nada mais é que um ciclo onde a pessoa encara sua realidade estabelecendo o que ela acredita ser verdade, agindo dessa forma. Poucos são os que fazem algo diferente e saem desse ciclo mudando a situação, encarando os desafios que aparecem quebrando esse paradigma.

Desde criança, agimos conforme os modelos que nos influenciam a seguir o caminho chamado vida. Você foi treinado para fazer a maioria das coisas que faz hoje, e isso inclui reclamar e não fazer nada além disso. Hoje, porém, com a internet, vivemos na era do conhecimento. Tem gente formada com pós-doutorado que recebe menos dinheiro do que quem não tem sequer o segundo grau. Isso mostra que a proatividade não apenas em buscar conhecimento, mas colocar o que aprendeu na prática, traz inúmeros benefícios para aqueles que fazem o que a maioria não faz ou apenas age de acordo com o que os mais velhos lhe ensinaram.

Concordo que o momento é de incertezas. Das mensagens que recebo e das conversas que tenho, a maioria demonstra seus medos com perguntas como “quanto tempo vai durar essa quarentena?”, “será que a economia vai quebrar?”, “será que alguém que conheço, seja amigo ou da família, ou até mesmo eu vou pegar essa doença?”. O essencial nesse momento de confusão e inseguranças é entender o que fazer com os seus receios, sejam eles quais forem, pois o medo isolado prejudica. Ele te tira do mercado, deteriora seus relacionamentos, te leva para o caminho da depressão e das doenças da mente.

O que fazer então? Como isso é uma coisa que você precisa resolver consigo mesmo, vá para um local reservado e escreva em um papel tudo aquilo que você considera negativo que está acontecendo contigo, só de fazer isso você já vai conseguir identificar de fato tudo aquilo que te deixa apreensivo. Em seguida, reflita, lamente, chore, enfim, ponha pra fora suas emoções e jogue fora tanto o papel quanto os sentimentos, olhe pra frente e não fique voltando nesses assuntos.

Algumas pessoas, no entanto, ao invés de medo estão com raiva do mundo. O que é ainda mais fácil para conseguir virar o jogo, pois isso pode ser usado ao seu favor, basta que a raiva seja canalizada da forma correta. Ao invés de descontar até em que não tem nada a ver com isso, comece a olhar pra dentro de você e racionalizar o que deu errado. Se a sua empresa está agora em situação ruim, o que você fez com seu fluxo de caixa? Está apertado financeiramente? Por que não fez uma reserva de emergência? Deixe de “mimimi” e pare de culpar o mundo por suas escolhas erradas, reveja suas atitudes identificando onde você pode melhorar e ponha em ação. Não adianta ficar irritado, o que passou, passou. Faça seu dever de casa e bola pra frente.

Li uma matéria no jornal essa semana onde mostrava que muita gente enriqueceu mais ainda nesse período. Empresas de entrega, restaurantes, supermercados, farmácias, em especial as comercio eletrônico, foram as que mais lucraram. Essa gente, ao invés de ficar se lamentando, foi atrás de seus objetivos. Eu tenho certeza de que alguma coisa você também ganhou e provavelmente nem reconheceu ainda. Talvez você tenha ganhando mais saúde porque saiu de uma rotina acelerada para uma que te possibilitou descansar, dormir um pouco mais, talvez tenha melhorado seus laços familiares, já que passou mais tempo com eles, talvez tenha finalmente conseguido organizar aquilo que planejava, já que não tinha tempo. Observe bem que alguma coisa de positivo aconteceu. Seja qual beneficio você tenha adquirido, agradeça.

Seja medo, raiva, ansiedade ou qualquer outra coisa que você esteja sentido, converse com sua família ou amigos próximos. Não precisa se abrir ou despejar toda a sua angústia como se eles fossem seus psicólogos, basta que você dialogue de maneira aberta. Muitas vezes as pessoas de fora veem o que a gente não consegue. Talvez a resposta pra tudo esteja bem ali na sua frente, mas você ainda não viu. Se estiver achando que está em um buraco, pare de cavar e saia. Errou? Conserte o deslize e segue o jogo.

O excesso de motivação não compensa a falta de ação. O que conta é o que você faz e não o que pensa apenas. •



Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque em Maio de 2020.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

O MELHOR QUE VOCÊ VAI LER HOJE

Não é presunção nenhuma dizer que esta crônica é o melhor texto que você lerá hoje. Em tempos de ansiedade, medo e incertezas ocasionadas por notícias alarmantes acerca do coronavírus, somadas aos pretextos e justificativas que muitos utilizam nesse momento para acobertar o que de fato há por trás de muita coisa, falar sobre o que nós (eu me incluo no rol) podemos fazer para sermos pessoas melhores, tendo por consequência uma sociedade melhor, foi o que achei ser muito mais contributivo do que continuar falando sobre efeitos econômicos e sociais, como tenho feito nos últimos dias. Tudo começou numa videoconferência com algumas pessoas – a maioria bem mais velha do que eu , sendo empresários, artistas e aposentados, alguns morando no exterior, cujo mote era “sucesso”. Anotei o máximo que pude e vou compartilhar contigo. São pontos de reflexão que se complementam, uma vez que o debate durou cerca de uma hora e os assuntos apareciam conforme os argumentos.

Algo que era de comum acordo foi que as pessoas deveriam ouvir mais e falar menos. A máxima “não é por acaso que temos dois ouvidos e uma boca” é verdadeira. Se você, meu estimado leitor, achar que deve contribuir com alguma opinião, espere o momento certo e se certifique que seja o foco das atenções. Desse modo, além de ser ouvido, as pessoas começam a te “enxergar”, a saber, se você é alguém que pode, de fato, contribuir para a vida delas. Por isso, é fundamental prestar muita atenção e saber distinguir os momentos em que deve se pronunciar, portanto, fique sempre atento. Preste atenção, atualmente as pessoas tendem a querer expressar suas opiniões a qualquer custo apenas para tentar se impor numa conversa, mesmo que banal. Muitas vezes, no entanto, tais pessoas apenas repetem o que ouviram outras dizerem sem que tenham feito um avaliação mais aprofundada, e é aí onde elas erram. Uma das consequências de quem fala demais, ou não fala o que sabe, é ter pessoas se afastando delas.

Inclusive isso é algo que você também pode fazer. Saia de perto de pessoas que te puxam pra baixo e se afaste até de pessoas medíocres. A definição no dicionário para mediocridade é algo que “apresenta qualidade média; comum, mediano; destituído de expressão ou originalidade; banal”, e de modo pejorativo, uma pessoa “com pouca capacidade ou pouco talento”. Em suma, ser uma pessoa medíocre não é bom, é ser alguém inexpressivo. Podemos encontrar facilmente pessoas assim a nossa volta, basta ver seu comportamento, pois geralmente estão reclamando, falando mal de outras pessoas, com preguiça, com medo, com inveja. E isso é projetado para os outros na forma de desencorajamento através de expressões como “isso não vai dar certo”, “já vi isso acontecer”, “fulano nunca vai conseguir”, “isso é só pra quem nasceu rico”, “o mundo é desonesto”, “beltrano só conseguiu porque teve sorte”, e por aí vai. Há quem diga que somos a média das cinco pessoas que mais convivemos, sendo assim, se você está se relacionando (familiar, profissional, social, amoroso, etc.) com pessoas medíocres, você está fadado a ser assim.

Se for para pedir ou aceitar conselhos sobre seus projetos ou sua vida, que seja apenas de pessoas de sucesso ou que, no mínimo, sejam melhores do que você. Achegue-se de pessoas que agregam e te façam ser e estar melhor. Não sinta desgosto ou raiva quando vir alguém feliz ou bem sucedido, nem mesmo de uma pessoa do qual você não gosta. O que você deve fazer é imitar pessoas ricas e bem sucedidas. Pense: se elas podem, você também pode! Obviamente o caráter deve estar acima de tudo, pois tudo o que plantamos colheremos mais cedo ou mais tarde. O que foi unânime naquela videoconferência é que o segredo do sucesso está no trabalho. Quanto mais dinheiro e/ou fama a pessoa tem, mais ela trabalha. Achei interessante a colocação de um dos participantes que disse: “não conheço uma pessoa que trabalha mais do que oito horas por dia que passe fome”.

Concentre na execução do que você deve fazer e, de preferência, entregue mais do que lhe foi requerido. Persista, batalhe, não desista dos seus objetivos. Teve outra frase dita que também me chamou a atenção: “Trabalhe em silêncio e deixe o sucesso fazer barulho”. Não adianta nada querer ser rico, querer ter sucesso, e você não fizer nada. As oportunidades aparecem todos os dias, mas nem sempre estamos atentos. Neste período que ficamos de quarentena, ouvi muitas pessoas dizerem que assistiram todas as temporadas de suas séries preferidas na Netflix, outros que limpavam a casa desmedidamente, chegando a fazer faxina por cômodo e depois voltando para o inicial e recomeçando o ciclo, porque estavam querendo controlar a ansiedade. Houve também quem apenas ficou se queixando e entrando na pilha de noticiários alarmistas. A maioria ficava nas redes sociais o dia inteiro. Destes todos, perguntei quem leu ao menos um livro. A resposta? Nenhum! Se for para ficar no YouTube, que seja vendo vídeos com bom conteúdo e não apenas de entretenimento.

Eu entendo que é um momento de receio, de dúvidas, de preocupação, mas é necessário agir apesar disso, do desconforto, da inconveniência. Devemos sair da zona de conforto e agir quando não estamos com vontade. Se tivermos fraquezas, devemos identificá-las e superá-las. Que tal estipular uma meta para os próximos meses nos comprometendo a aprender e crescer mais do que já somos hoje? Bom, tem mais, muito mais, mas fica pra depois.

Pra finalizar, saiba que seu ativo mais precioso é o seu tempo, não o desperdice. Sucesso é relativo e muitas vezes diferente do que você imagina e o segredo da felicidade está nas coisas simples. Seja o que você quer ser. Seja feliz agora. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque em Abril de 2020.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

ECONOMIA É SAÚDE


A velocidade em que as coisas estão acontecendo é cada vez maior. Tudo acontece numa celeridade tamanha que qualquer coisa pode mudar por completo o cenário, e tentar levantar um argumento como o que trago agora é difícil, especialmente por conta da sensibilidade das pessoas ocasionadas por tudo o que está acontecendo. Aliás, principalmente pelo medo e ansiedade provocados pelas incertezas advindas até mesmo por quem precisa dar segurança.

Eu, como alguns que partilham de minha opinião, acabamos por ficar com receio de ser tachados de frios, ou que não pensamos nas pessoas, porém, e digo no meu caso, que sou do grupo de risco, bem como tenho pais em situação mais delicada que a minha, afirmo que estamos vivendo um problema social, econômico e também de saúde, que não será sanado facilmente, especialmente com viés socialista pelo qual estamos enveredando. O que muitos esquecem é que dinheiro é fruto de processo produtivo.

Iniciamos o ano com projeções apontando para cima com indicadores que mostravam crescimento, e, de repente, fomos acometidos por uma pandemia e um desacordo entre os países produtores de petróleo que provocaram uma queda vertiginosa e um freio brusco na economia. Há quem diga estávamos numa bolha, pouco importa agora, pois o estrago que a soma desses fatores fez na economia mundial é colossal e ainda não se pode medir o tamanho das consequências, até porque as decisões estão sendo tomadas praticamente no modo automático.

Numa situação de pânico, as pessoas tendem a pedir para que o Estado as salvem, e é isso o que muitos realmente esperam através de um assistencialismo emergencial, mas sem fazer nada, ou seja, simplesmente cruzam os braços e nada produzem, ou então esperam por um “efeito Robin Hood”, pleiteando que se tire dos ricos para dar aos pobres. O Estado por sua vez, quer seja por incapacidade, aliciamento ou desconsideração, tende a entrar num ciclo de intervencionismos do qual não pode – ou não quer – voltar atrás, fazendo disso uma espiral negativa onde uma interferência que não surte o efeito desejado dá lugar a outra e assim sucessivamente. Só que o Governo não tem recursos infinitos e não produz nada, a única coisa que ele pode fazer é distribuir, e no atual cenário a arrecadação vai certamente cair. Lembrem-se de que somos uma economia emergente e quanto mais o Estado gastar, maior fica o tamanho do buraco. Será que já se esqueceram do debate sobre a reforma na previdência? A conta chega.

Seja a era do “comunavirus” ou “coronazismo”, fato é que estamos num nível de polarização em que fazer um debate razoável com bom senso, onde se prevaleça a razão sobre a emoção, é difícil. Mas o diálogo é fundamental e certamente o caminho mais saudável. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal de Uberaba em Abril de 2020.