terça-feira, 9 de junho de 2020

IBOVESPA ALTO E DÓLAR BAIXO NÃO SIGNIFICAM ECONOMIA FORTE


Dia desses, eu mandei um áudio em um grupo de WhatsApp dos meus amigos de infância dizendo que estou lançando um livro sobre a relação que temos com o dinheiro, quando um deles me pediu para fazer uma projeção econômica para os próximos tempos. De imediato mandei outro áudio, de quase quatro minutos, tentando explicar um pouco desse emaranhado de manobras que se correlacionam entre si chamado economia. Como vi que ainda assim ficou confuso, mandei outro de poucos segundos resumindo tudo (por mais simplista que possa parecer, salvo casos de extrema pobreza, o impacto da economia em cada pessoa só depende de como elas lidam com seu dinheiro sem esperar nada do governo. Quem se prepara mais, chora menos).
Bom, não sou economista, mas como escrevi um livro tentando traduzir a sopa de letrinhas para português claro, acho que vale aqui dar uma amostra de que o básico da economia é algo que qualquer pessoa pode entender, desde que simplesmente preste atenção.
Obviamente não estou falando sobre as teorias fantásticas que envolvem cálculos gigantescos, mas do básico do básico, e é isso o que meu novo livro propõe. Uma vez que se entende que basicamente o que move a economia a é a lei da oferta e da procura – que diz que quando a produção de bens e serviços se torna maior que a necessidade que o consumidor tem de comprá-los, as empresas baixam os preços como forma de reduzir seus estoques, isto é, quando há um aumento na quantidade das coisas no mercado, os preços caem. E vice-versa –, as coisas começam a clarear mais, o entendimento fica mais fácil.
Só que existem muitas pessoas para confundir, afinal, algumas delas até ganham dinheiro (e muito) com isso. Um dos exemplos de confusão está no sobe-e-desce das cotações das ações, nas Bolsas de Valores, e de moedas como o dólar, nos mercados cambiais. Muitas pessoas acham que isso é reflexo puramente econômico, quando na realidade é algo muito mais ligado às questões políticas.
O índice da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa, simplesmente mede o desempenho médio de uma carteira teórica em que estão listadas ações mais negociadas de empresas de capital aberto com papéis negociados lá. Dentre eles estão dois bancos, duas empresas exportadoras de commodities, uma empresa do setor de consumo não durável e a empresa da própria Bolsa, ou seja, está longe de refletir as reais tendências da economia.
Já o PIB, que mede o quanto o país produz, mesmo que por empresas estrangeiras, mas em solo brasileiro, esse sim mede a economia e está dando sinais negativos e com projeções bem baixas.
Resumindo, a Bolsa pode voar e a taxa de câmbio cair, mas a atividade econômica pode estar longe de se recuperar. Quer saber um pouco mais? Eu te conto! •

Esse artigo também foi publicado no Jornal de Uberaba e o no Portal Uberaba Online em Junho de 2020.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

4.4 CILINDRADAS

Escrevo esta crônica no fim da tarde de quarta-feira, 06 de maio, dia em que completo 44 anos de vida. As redes sociais hoje já fazem bem o papel de lembrete de aniversário então choveram felicitações. Gente que eu nem lembrava que existia me mandou parabéns, o que é bom, já que, como disse, eu nem lembrava que a pessoa existia. A propósito, aproveito e estendo aqui o que fiz em outros lugares e agradeço as felicitações, as palavras e o carinho de todos. Desde a noite passada tenho refletido muito sobre o quanto sou muito agradecido por todas as coisas que aconteceram comigo, pelas bênçãos e aprendizados. Sou grato pela ajuda e amizade de várias pessoas, inclusive a sua, meu estimado leitor.
Antigamente, esse negócio de aniversário era diferente. Eu me lembro de cada fase e como eu reagia. Quando era criança, já odiava o fato de minha irmã fazer aniversário dois dias depois do que eu, então, era uma festa só, e dependendo de como o final de semana se encaixava, a festa poderia ser no meu aniversário, no dela ou de nenhum dos dois. Independentemente, o bolo era dividido, os parabéns eram cantados duas vezes e não raros os casos de presentes compartilhados, como foi, por exemplo, o caso de um videogame Atari.
Ainda na infância, já mais para o fim da década de oitenta, a gente morria de medo de ir para a escola e tomar uma “ovada”, eu ainda mais, pois tinha que pegar ônibus para voltar pra casa. Muitos da minha escola faltavam nessa data.
Uma data marcante de meus aniversários foi a de 2006, quando completei trinta anos. Fiquei tão chocado porque estava saindo da casa dos vinte (e entrando na dos “nta”), que resolvi pular de paraquedas. Juntei um grupo de amigos e fomos para Boituva (SP). Foi espetacular. Até hoje me lembro dos detalhes, qualquer hora escrevo sobre isso, embora a sensação de pular de um avião em pleno voo seja indescritível.
E pra fechar, quero dizer que escrevi um livro que com certeza vai mudar a sua vida, não é nada daquelas coisas teóricas com práticas mirabolantes, é algo fácil de fazer e que depende exclusivamente de você, falando abertamente e de modo simples. Só não vou dizer mais porque depende de trâmites da Editora, já que tudo foi adiado, por enquanto. Fiquem ligadinhos aí que em breve eu trago mais notícias sobre isso. Bom, é isso. Aproveite esse momento para estudar, se aperfeiçoar e aprender mais sobre você mesmo. Cuide-se, cuide dos que você ama, pense e aja de maneira positiva.
4.4 cilindradas... Tamo junto e é só o começo. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal de Uberaba e o no Portal Uberaba Online em Maio de 2020.

domingo, 19 de abril de 2020

ENGOLE O CHORO E VIDA QUE SEGUE


Nesse tempo de quarentena, o que mais vejo é pessoa reclamando. Quando não é sobre a pandemia do coronavírus, é sobre a economia, ou por ter que ficar em casa, ou que o marido ou a esposa não fazem nada ou fazem demais... Enfim, a lista é longa. Não importa se estamos vivendo uma crise sanitária, econômica ou social. O que você está fazendo para mudar o seu mundo? Vejo muita especulação e pouca ação.

O ser humano costuma ter medo principalmente de ficar pobre, de morrer, de ficar doente, de sentir dor, de ficar velho ou de receber crítica. Obviamente que não necessariamente nessa ordem.

Aproveite o momento para rever seus conceitos, para se reinventar. A motivação vem a partir de você, que deve reconhecer as coisas boas e ruins que você mesmo esteja sentindo na pele. Pare de culpar o mundo por tudo e veja o que você pode fazer para resolver o que apenas você pode resolver.

O problema maior está na chamada “zona de conforto”, que nada mais é que um ciclo onde a pessoa encara sua realidade estabelecendo o que ela acredita ser verdade, agindo dessa forma. Poucos são os que fazem algo diferente e saem desse ciclo mudando a situação, encarando os desafios que aparecem quebrando esse paradigma.

Desde criança, agimos conforme os modelos que nos influenciam a seguir o caminho chamado vida. Você foi treinado para fazer a maioria das coisas que faz hoje, e isso inclui reclamar e não fazer nada além disso. Hoje, porém, com a internet, vivemos na era do conhecimento. Tem gente formada com pós-doutorado que recebe menos dinheiro do que quem não tem sequer o segundo grau. Isso mostra que a proatividade não apenas em buscar conhecimento, mas colocar o que aprendeu na prática, traz inúmeros benefícios para aqueles que fazem o que a maioria não faz ou apenas age de acordo com o que os mais velhos lhe ensinaram.

Concordo que o momento é de incertezas. Das mensagens que recebo e das conversas que tenho, a maioria demonstra seus medos com perguntas como “quanto tempo vai durar essa quarentena?”, “será que a economia vai quebrar?”, “será que alguém que conheço, seja amigo ou da família, ou até mesmo eu vou pegar essa doença?”. O essencial nesse momento de confusão e inseguranças é entender o que fazer com os seus receios, sejam eles quais forem, pois o medo isolado prejudica. Ele te tira do mercado, deteriora seus relacionamentos, te leva para o caminho da depressão e das doenças da mente.

O que fazer então? Como isso é uma coisa que você precisa resolver consigo mesmo, vá para um local reservado e escreva em um papel tudo aquilo que você considera negativo que está acontecendo contigo, só de fazer isso você já vai conseguir identificar de fato tudo aquilo que te deixa apreensivo. Em seguida, reflita, lamente, chore, enfim, ponha pra fora suas emoções e jogue fora tanto o papel quanto os sentimentos, olhe pra frente e não fique voltando nesses assuntos.

Algumas pessoas, no entanto, ao invés de medo estão com raiva do mundo. O que é ainda mais fácil para conseguir virar o jogo, pois isso pode ser usado ao seu favor, basta que a raiva seja canalizada da forma correta. Ao invés de descontar até em que não tem nada a ver com isso, comece a olhar pra dentro de você e racionalizar o que deu errado. Se a sua empresa está agora em situação ruim, o que você fez com seu fluxo de caixa? Está apertado financeiramente? Por que não fez uma reserva de emergência? Deixe de “mimimi” e pare de culpar o mundo por suas escolhas erradas, reveja suas atitudes identificando onde você pode melhorar e ponha em ação. Não adianta ficar irritado, o que passou, passou. Faça seu dever de casa e bola pra frente.

Li uma matéria no jornal essa semana onde mostrava que muita gente enriqueceu mais ainda nesse período. Empresas de entrega, restaurantes, supermercados, farmácias, em especial as comercio eletrônico, foram as que mais lucraram. Essa gente, ao invés de ficar se lamentando, foi atrás de seus objetivos. Eu tenho certeza de que alguma coisa você também ganhou e provavelmente nem reconheceu ainda. Talvez você tenha ganhando mais saúde porque saiu de uma rotina acelerada para uma que te possibilitou descansar, dormir um pouco mais, talvez tenha melhorado seus laços familiares, já que passou mais tempo com eles, talvez tenha finalmente conseguido organizar aquilo que planejava, já que não tinha tempo. Observe bem que alguma coisa de positivo aconteceu. Seja qual beneficio você tenha adquirido, agradeça.

Seja medo, raiva, ansiedade ou qualquer outra coisa que você esteja sentido, converse com sua família ou amigos próximos. Não precisa se abrir ou despejar toda a sua angústia como se eles fossem seus psicólogos, basta que você dialogue de maneira aberta. Muitas vezes as pessoas de fora veem o que a gente não consegue. Talvez a resposta pra tudo esteja bem ali na sua frente, mas você ainda não viu. Se estiver achando que está em um buraco, pare de cavar e saia. Errou? Conserte o deslize e segue o jogo.

O excesso de motivação não compensa a falta de ação. O que conta é o que você faz e não o que pensa apenas. •



Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque em Maio de 2020.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

O MELHOR QUE VOCÊ VAI LER HOJE

Não é presunção nenhuma dizer que esta crônica é o melhor texto que você lerá hoje. Em tempos de ansiedade, medo e incertezas ocasionadas por notícias alarmantes acerca do coronavírus, somadas aos pretextos e justificativas que muitos utilizam nesse momento para acobertar o que de fato há por trás de muita coisa, falar sobre o que nós (eu me incluo no rol) podemos fazer para sermos pessoas melhores, tendo por consequência uma sociedade melhor, foi o que achei ser muito mais contributivo do que continuar falando sobre efeitos econômicos e sociais, como tenho feito nos últimos dias. Tudo começou numa videoconferência com algumas pessoas – a maioria bem mais velha do que eu , sendo empresários, artistas e aposentados, alguns morando no exterior, cujo mote era “sucesso”. Anotei o máximo que pude e vou compartilhar contigo. São pontos de reflexão que se complementam, uma vez que o debate durou cerca de uma hora e os assuntos apareciam conforme os argumentos.

Algo que era de comum acordo foi que as pessoas deveriam ouvir mais e falar menos. A máxima “não é por acaso que temos dois ouvidos e uma boca” é verdadeira. Se você, meu estimado leitor, achar que deve contribuir com alguma opinião, espere o momento certo e se certifique que seja o foco das atenções. Desse modo, além de ser ouvido, as pessoas começam a te “enxergar”, a saber, se você é alguém que pode, de fato, contribuir para a vida delas. Por isso, é fundamental prestar muita atenção e saber distinguir os momentos em que deve se pronunciar, portanto, fique sempre atento. Preste atenção, atualmente as pessoas tendem a querer expressar suas opiniões a qualquer custo apenas para tentar se impor numa conversa, mesmo que banal. Muitas vezes, no entanto, tais pessoas apenas repetem o que ouviram outras dizerem sem que tenham feito um avaliação mais aprofundada, e é aí onde elas erram. Uma das consequências de quem fala demais, ou não fala o que sabe, é ter pessoas se afastando delas.

Inclusive isso é algo que você também pode fazer. Saia de perto de pessoas que te puxam pra baixo e se afaste até de pessoas medíocres. A definição no dicionário para mediocridade é algo que “apresenta qualidade média; comum, mediano; destituído de expressão ou originalidade; banal”, e de modo pejorativo, uma pessoa “com pouca capacidade ou pouco talento”. Em suma, ser uma pessoa medíocre não é bom, é ser alguém inexpressivo. Podemos encontrar facilmente pessoas assim a nossa volta, basta ver seu comportamento, pois geralmente estão reclamando, falando mal de outras pessoas, com preguiça, com medo, com inveja. E isso é projetado para os outros na forma de desencorajamento através de expressões como “isso não vai dar certo”, “já vi isso acontecer”, “fulano nunca vai conseguir”, “isso é só pra quem nasceu rico”, “o mundo é desonesto”, “beltrano só conseguiu porque teve sorte”, e por aí vai. Há quem diga que somos a média das cinco pessoas que mais convivemos, sendo assim, se você está se relacionando (familiar, profissional, social, amoroso, etc.) com pessoas medíocres, você está fadado a ser assim.

Se for para pedir ou aceitar conselhos sobre seus projetos ou sua vida, que seja apenas de pessoas de sucesso ou que, no mínimo, sejam melhores do que você. Achegue-se de pessoas que agregam e te façam ser e estar melhor. Não sinta desgosto ou raiva quando vir alguém feliz ou bem sucedido, nem mesmo de uma pessoa do qual você não gosta. O que você deve fazer é imitar pessoas ricas e bem sucedidas. Pense: se elas podem, você também pode! Obviamente o caráter deve estar acima de tudo, pois tudo o que plantamos colheremos mais cedo ou mais tarde. O que foi unânime naquela videoconferência é que o segredo do sucesso está no trabalho. Quanto mais dinheiro e/ou fama a pessoa tem, mais ela trabalha. Achei interessante a colocação de um dos participantes que disse: “não conheço uma pessoa que trabalha mais do que oito horas por dia que passe fome”.

Concentre na execução do que você deve fazer e, de preferência, entregue mais do que lhe foi requerido. Persista, batalhe, não desista dos seus objetivos. Teve outra frase dita que também me chamou a atenção: “Trabalhe em silêncio e deixe o sucesso fazer barulho”. Não adianta nada querer ser rico, querer ter sucesso, e você não fizer nada. As oportunidades aparecem todos os dias, mas nem sempre estamos atentos. Neste período que ficamos de quarentena, ouvi muitas pessoas dizerem que assistiram todas as temporadas de suas séries preferidas na Netflix, outros que limpavam a casa desmedidamente, chegando a fazer faxina por cômodo e depois voltando para o inicial e recomeçando o ciclo, porque estavam querendo controlar a ansiedade. Houve também quem apenas ficou se queixando e entrando na pilha de noticiários alarmistas. A maioria ficava nas redes sociais o dia inteiro. Destes todos, perguntei quem leu ao menos um livro. A resposta? Nenhum! Se for para ficar no YouTube, que seja vendo vídeos com bom conteúdo e não apenas de entretenimento.

Eu entendo que é um momento de receio, de dúvidas, de preocupação, mas é necessário agir apesar disso, do desconforto, da inconveniência. Devemos sair da zona de conforto e agir quando não estamos com vontade. Se tivermos fraquezas, devemos identificá-las e superá-las. Que tal estipular uma meta para os próximos meses nos comprometendo a aprender e crescer mais do que já somos hoje? Bom, tem mais, muito mais, mas fica pra depois.

Pra finalizar, saiba que seu ativo mais precioso é o seu tempo, não o desperdice. Sucesso é relativo e muitas vezes diferente do que você imagina e o segredo da felicidade está nas coisas simples. Seja o que você quer ser. Seja feliz agora. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque em Abril de 2020.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

ECONOMIA É SAÚDE


A velocidade em que as coisas estão acontecendo é cada vez maior. Tudo acontece numa celeridade tamanha que qualquer coisa pode mudar por completo o cenário, e tentar levantar um argumento como o que trago agora é difícil, especialmente por conta da sensibilidade das pessoas ocasionadas por tudo o que está acontecendo. Aliás, principalmente pelo medo e ansiedade provocados pelas incertezas advindas até mesmo por quem precisa dar segurança.

Eu, como alguns que partilham de minha opinião, acabamos por ficar com receio de ser tachados de frios, ou que não pensamos nas pessoas, porém, e digo no meu caso, que sou do grupo de risco, bem como tenho pais em situação mais delicada que a minha, afirmo que estamos vivendo um problema social, econômico e também de saúde, que não será sanado facilmente, especialmente com viés socialista pelo qual estamos enveredando. O que muitos esquecem é que dinheiro é fruto de processo produtivo.

Iniciamos o ano com projeções apontando para cima com indicadores que mostravam crescimento, e, de repente, fomos acometidos por uma pandemia e um desacordo entre os países produtores de petróleo que provocaram uma queda vertiginosa e um freio brusco na economia. Há quem diga estávamos numa bolha, pouco importa agora, pois o estrago que a soma desses fatores fez na economia mundial é colossal e ainda não se pode medir o tamanho das consequências, até porque as decisões estão sendo tomadas praticamente no modo automático.

Numa situação de pânico, as pessoas tendem a pedir para que o Estado as salvem, e é isso o que muitos realmente esperam através de um assistencialismo emergencial, mas sem fazer nada, ou seja, simplesmente cruzam os braços e nada produzem, ou então esperam por um “efeito Robin Hood”, pleiteando que se tire dos ricos para dar aos pobres. O Estado por sua vez, quer seja por incapacidade, aliciamento ou desconsideração, tende a entrar num ciclo de intervencionismos do qual não pode – ou não quer – voltar atrás, fazendo disso uma espiral negativa onde uma interferência que não surte o efeito desejado dá lugar a outra e assim sucessivamente. Só que o Governo não tem recursos infinitos e não produz nada, a única coisa que ele pode fazer é distribuir, e no atual cenário a arrecadação vai certamente cair. Lembrem-se de que somos uma economia emergente e quanto mais o Estado gastar, maior fica o tamanho do buraco. Será que já se esqueceram do debate sobre a reforma na previdência? A conta chega.

Seja a era do “comunavirus” ou “coronazismo”, fato é que estamos num nível de polarização em que fazer um debate razoável com bom senso, onde se prevaleça a razão sobre a emoção, é difícil. Mas o diálogo é fundamental e certamente o caminho mais saudável. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal de Uberaba em Abril de 2020.

segunda-feira, 30 de março de 2020

REMÉDIO OU VENENO


Esta segunda-feira, diferentemente da anterior, já começou barulhenta. De onde moro vejo o vai-e-vem da Av. Abel Reis e o volume de carros e motos é alto, como se fosse um dia normal de trabalho. As regras da prefeitura de Uberaba sobre restrições ao funcionamento do comércio, no entanto, estão mantidas, bem como a barreira sanitária. O prefeito daqui chegou a observar, numa reunião que teve com os representantes de entidades classistas, que a determinação do decreto vigente não impede os comércios em geral de manterem funcionamento, desde que as comercializações sejam mantidas conforme a observação das regras.

Talvez tudo isso esteja motivado pelo atual embate entre o presidente Jair Bolsonaro, que faz esforços para liberar “toda e qualquer profissão” para trabalhar, e o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que defende a restrição de circulação do maior número de pessoas porque o Sistema de Saúde, seja público ou privado, não será suficiente para atender uma eventual demanda, especialmente porque não há remédio comprovado ainda, já que, segundo ele, a cloroquina, um medicamento usado contra a malária, artrite reumatoide e lúpus, não pode ser tomada sem recomendação médica, pois pode causar arritmia cardíaca e paralisar a função do fígado.

Pois bem, dito isso, vamos aumentar o escopo e sair um pouco da linha do isolamento e da inquietação causada pela abstinência social entrar no quesito econômico. Uma coisa que observei num artigo que li pouco antes de escrever esta crônica é que a atual crise mundial do coronavírus reúne características de outras passadas: A insegurança advinda do atentado às torres gêmeas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a ansiedade com a descoberta da AIDS no início dos anos 80 e o impacto sistêmico de 2007 desencadeado pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco nos Estados Unidos. Porém, na adversidade atual não existe um problema cambial como outrora, sendo este monitorado de perto pelo Banco Central, que por sua vez traça suas metas em busca de liquidez e controle, inclusive inflacionário, cujo percentual está próximo da mínima histórica. A palavra-chave então é crédito, que deverá vir através de linhas ou estímulos fiscais. A redução do consumo, seja por falta de compradores ou até mesmo de produtos e serviços por falta de mão-de-obra, uma vez que estes também cumprem o isolamento, leva os empresários a angústia de não saber como se manter vivo no comércio. A insegurança gera descrença e irritação, que por sua vez leva a atos de loucura, qualquer que seja.

Já disse e repito: crises vêm e vão, mas não é com desespero ou simplesmente apelo popular para que, de forma desmedida, os responsáveis pelo poder público devam esvaziar os cofres como se não houvesse amanhã. As chamadas “políticas anticíclicas” devem, como no passado, obedecer aos critérios de avaliação e cautela, afinal, quando o remédio é dado em dose alta, pode se tornar um veneno. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal de Uberaba em Março de 2020.

quinta-feira, 26 de março de 2020

CRISES E OPORTUNIDADES


Dia desses assisti a uma videoconferência com o Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que disse que o momento não é de defender teses de direita ou esquerda, mas de planejamento e cautela. Claro que nem todos pensam assim, a começar pela queda de braço travada entre governos, estimulada por parte da mídia, pondo fogo na opinião pública que defende teses das mais absurdas.
Coincidentemente, em janeiro deste ano li um livro que falava sobre a grande depressão de 1929, uma crise que começou nos EUA logo após a Primeira Guerra Mundial, provocada não por um vírus, mas por um sentimento de que todos seriam ricos, ainda mais embalados por alguns anos prósperos. Mas a Europa no pós-guerra começou a se reerguer e diminuiu a importação dos Estados Unidos, que continuou produzindo na mesma escala, achando que o quadro voltaria a se reverter. Nem é preciso ser expert em economia pra saber que um estoque de produtos alto gera uma queda de preços. Resultado? Muitas empresas quebraram e se iniciou a queda das ações desacelerando a economia, encolhendo o produto interno bruto gerando uma recessão fortíssima que durou muito tempo. O curioso é que o governo da época, através do FED (Federal Reserve System), ou “Sistema de Reserva Federal”, algo semelhante ao nosso Banco Central, além de não ter feito nada para evitar a crise, fez estimulá-la, e quando a quebra chegou, o governo americano declarou que não era problema dele. Mesmo com tudo isso, vemos que o império americano ainda é dominador no mundo, tudo graças a sua resiliência.
Outro caso semelhante foi o da chamada “Crise do Subprime”, em 2008, também nos EUA. Tudo começou no setor imobiliário americano e acabou se estendendo por todos os setores da economia, não apenas de lá, mas do mundo todo. O negócio foi tão feio que grandes bancos tradicionais quebraram, como o Lehman Brothers, por exemplo, ou chegaram ao limite. O mesmo aconteceu com as seguradoras. Desta vez, no entanto, os governos de diversos países criaram pacotes de estímulos chegando até a injetar liquidez.
Por que estou citando estes dois casos? Junte parte deles e temos o cenário da crise atual, que contou não apenas com o surto de uma doença grave com proporções de contágio mundial com um colapso da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provocado por um desacordo entre Rússia e Arábia Saudita que derrubou o preço do petróleo, umas das commodities mais importantes atualmente. A cereja deste bolo é o isolamento social, estagnando as economias, algo que nem convém discutir ser ou não necessário.
O que me incomoda é a atitude de certos formadores de opinião. Ontem mesmo eu li uma matéria de um site dizendo que “responsabiliza os ricos, poderosos, governos e megacorporações pelos danos que promovem na vida de milhões de pessoas em nome do lucro”. Particularmente não gosto desse tipo de ideologia vitimista, que só pensa em si como se os outros tivessem algum tipo de obrigação para com ele, ou seja, aquele que quer ser empresário para obter sucesso e ter conforto na vida, na realidade tem apenas a obrigação de manter outras pessoas. O mesmo se pode dizer em relação aos governos. Ora, bem sabemos que o governo tem por base dar empregos e transferir recursos (dinheiro para saúde, educação, etc.), e quando não falta sabedoria para administrar, a verba mingua. Mas sobra opinião e malandragem! Veja que há muitos que querem que sigamos o que pretende fazer o presidente americano (escrevo esta crônica às 13h00min de 23/mar, a volatilidade das notícias é tanta que corro o risco de ficar obsoleto na mensagem, mas segue o jogo) e distribuir dinheiro para o povo que está ocioso em casa. Por enquanto, de acordo com o noticiário atual, cada cidadão americano adulto de menor renda deverá receber do governo um cheque de US$ 1.200,00 (algo em torno de R$6.000,00), além de um adicional de US$ 500,00 (algo em torno de R$ 2.500,00) para cada filho menor de idade. Até então, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido já pensam em algo similar. E é justamente o que o povo quer agora: Receber uma grana do governo para minimizar a pancada.
Só que mal sabem eles, inclusive o povo gringo, que parte dessa grana é vinda da emissão de papel-moeda, ou seja, o governo simplesmente manda imprimir dinheiro que neste momento ainda não será refletido na inflação, mas para igualar a balança, uma hora a conta chega. Não fosse assim, qualquer problema, como os que citei há pouco, por exemplo, poderia ser sanado assim, bastava que o governo emitisse dinheiro e distribuí-lo ao povo. Contudo, o efeito disso não é o que você, estimado leitor, pensa, e sim o contrário; o excesso de inflação empobrece o povo. Só para ter uma ideia, é exatamente isso o que a Venezuela tem feito há tempos, e sua inflação beira os 10.000.000% ao ano!
Outra consequência – para uns até boa – é que o que o governo Trump está fazendo na América fará com que o ouro, uma importante commodity que serve de lastro para muitos governos, seja valorizado. Não é á toa que o Goldman Sachs tenha recomendado compra. Se você tiver grana para o longo prazo...
Uma das coisas que as pessoas precisam saber é que crises vêm e vão, e com elas sempre aparecem oportunidades. Só quem aproveita é quem se prepara. O que você tem feito nesse período de quarentena? Trabalhado, estudado ou assistido televisão o dia todo? Quanto de reserva você tem hoje? Esteja preparado e não entre na pilha de quem não está. •

Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque e no Jornal de Uberaba em Março de 2020.