Dia
desses assisti a uma videoconferência com o Secretário da Fazenda e
Planejamento do Estado de São Paulo, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do
Banco Central Henrique Meirelles, que disse que o momento não é de defender
teses de direita ou esquerda, mas de planejamento e cautela. Claro que nem
todos pensam assim, a começar pela queda de braço travada entre governos,
estimulada por parte da mídia, pondo fogo na opinião pública que defende teses
das mais absurdas.
Coincidentemente, em janeiro deste ano li um livro que falava
sobre a grande depressão de 1929, uma crise que começou nos EUA logo após a
Primeira Guerra Mundial, provocada não por um vírus, mas por um sentimento de
que todos seriam ricos, ainda mais embalados por alguns anos prósperos. Mas a
Europa no pós-guerra começou a se reerguer e diminuiu a importação dos Estados
Unidos, que continuou produzindo na mesma escala, achando que o quadro voltaria
a se reverter. Nem é preciso ser expert em economia pra saber que um estoque de
produtos alto gera uma queda de preços. Resultado? Muitas empresas quebraram e
se iniciou a queda das ações desacelerando a economia, encolhendo o produto
interno bruto gerando uma recessão fortíssima que durou muito tempo. O curioso
é que o governo da época, através do FED (Federal Reserve System), ou “Sistema
de Reserva Federal”, algo semelhante ao nosso Banco Central, além de não ter
feito nada para evitar a crise, fez estimulá-la, e quando a quebra chegou, o
governo americano declarou que não era problema dele. Mesmo com tudo isso,
vemos que o império americano ainda é dominador no mundo, tudo graças a sua
resiliência.
Outro caso semelhante foi o da chamada “Crise do Subprime”, em 2008, também
nos EUA. Tudo começou no setor imobiliário americano e acabou se estendendo por
todos os setores da economia, não apenas de lá, mas do mundo todo. O negócio
foi tão feio que grandes bancos tradicionais quebraram, como o Lehman
Brothers, por exemplo, ou chegaram ao limite. O mesmo aconteceu com as
seguradoras. Desta vez, no entanto, os governos de diversos países criaram
pacotes de estímulos chegando até a injetar liquidez.
Por que estou citando
estes dois casos? Junte parte deles e temos o cenário da crise atual, que
contou não apenas com o surto de uma doença grave com proporções de contágio
mundial com um colapso da OPEP (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) provocado por um desacordo entre Rússia e Arábia Saudita que derrubou
o preço do petróleo, umas das commodities mais importantes atualmente. A cereja
deste bolo é o isolamento social, estagnando as economias, algo que nem convém
discutir ser ou não necessário.
O que me incomoda é a atitude de certos
formadores de opinião. Ontem mesmo eu li uma matéria de um site dizendo que
“responsabiliza os ricos, poderosos, governos e megacorporações pelos danos que
promovem na vida de milhões de pessoas em nome do lucro”. Particularmente não
gosto desse tipo de ideologia vitimista, que só pensa em si como se os outros
tivessem algum tipo de obrigação para com ele, ou seja, aquele que quer ser
empresário para obter sucesso e ter conforto na vida, na realidade tem apenas a
obrigação de manter outras pessoas. O mesmo se pode dizer em relação aos
governos. Ora, bem sabemos que o governo tem por base dar empregos e transferir
recursos (dinheiro para saúde, educação, etc.), e quando não falta sabedoria
para administrar, a verba mingua. Mas sobra opinião e malandragem! Veja que há
muitos que querem que sigamos o que pretende fazer o presidente americano
(escrevo esta crônica às 13h00min de 23/mar, a volatilidade das notícias é
tanta que corro o risco de ficar obsoleto na mensagem, mas segue o jogo) e
distribuir dinheiro para o povo que está ocioso em casa. Por enquanto, de
acordo com o noticiário atual, cada cidadão americano adulto de menor renda
deverá receber do governo um cheque de US$ 1.200,00 (algo em torno de
R$6.000,00), além de um adicional de US$ 500,00 (algo em torno de R$ 2.500,00)
para cada filho menor de idade. Até então, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e
Reino Unido já pensam em algo similar. E é justamente o que o povo quer agora:
Receber uma grana do governo para minimizar a pancada.
Só que mal sabem eles,
inclusive o povo gringo, que parte dessa grana é vinda da emissão de
papel-moeda, ou seja, o governo simplesmente manda imprimir dinheiro que neste
momento ainda não será refletido na inflação, mas para igualar a balança, uma
hora a conta chega. Não fosse assim, qualquer problema, como os que citei há
pouco, por exemplo, poderia ser sanado assim, bastava que o governo emitisse
dinheiro e distribuí-lo ao povo. Contudo, o efeito disso não é o que você,
estimado leitor, pensa, e sim o contrário; o excesso de inflação empobrece o povo.
Só para ter uma ideia, é exatamente isso o que a Venezuela tem feito há tempos,
e sua inflação beira os 10.000.000% ao ano!
Outra consequência – para uns até
boa – é que o que o governo Trump está fazendo na América fará com que o ouro,
uma importante commodity que serve de lastro para muitos governos, seja
valorizado. Não é á toa que o Goldman Sachs tenha recomendado compra. Se você
tiver grana para o longo prazo...
Uma das coisas que as pessoas precisam saber
é que crises vêm e vão, e com elas sempre aparecem oportunidades. Só quem
aproveita é quem se prepara. O que você tem feito nesse período de quarentena?
Trabalhado, estudado ou assistido televisão o dia todo? Quanto de reserva você
tem hoje? Esteja preparado e não entre na pilha de quem não está. •
Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque e no Jornal de Uberaba em Março de 2020.
Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque e no Jornal de Uberaba em Março de 2020.
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