quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

AS CRÍTICAS SOCIAIS E O CARNAVAL 2018


Tempo de abadá, pouca roupa, biquíni de fita isolante ou fantasias caríssimas; Tempo de marchinhas, axé, samba ou funk, o Carnaval deste ano – acredite – teve um forte cunho crítico e de expressão política. De reprimendas à sonegação de impostos a políticos sendo comparados a ratos, teve de tudo.
O vampiro foi representado pelo professor de história Léo Morais

Enquanto o presidente Michel Temer estava no Norte do país revendo, dentre outras questões, a dos venezuelanos, e dizendo que a oposição não deveria existir para derrubar governos, mas para “ajudar os governantes a acertar o rumo”, na Sapucaí, ele era, digamos, “homenageado” com uma figura de vampiro Drácula, na escola Paraíso do Tuiuti. Nada muito diferente do pedido de socorro da Beija-Flor, que levou para a avenida intolerância, violência e outras críticas sociais com um desfile que muitos classificaram como “pesado e emocionante”. Isso porque não é só do trio elétrico que o povo vai atrás. Um verdadeiro mar de gente invadiu o sambódromo do Rio atrás da escola que encerrou o Carnaval deste ano entoando o enredo da escola, que foi: “Monstro é aquele que não sabe amar (os filhos abandonados da pátria que os pariu)”.

Mas não foi só Temer o alvo de críticas, não. Lá no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, prefeito da cidade que fugiu da festa e foi para a Europa, segundo ele para “uma viagem de trabalho voltada à área de segurança”, foi representado como um boneco de Judas, traidor do carnaval, enforcado pela Mangueira, que trouxe o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Em resposta, Crivella divulgou uma nota dizendo que foi vítima de “intolerância religiosa”.
Vai, bonitão! Agora quero ver...
De prefeito no Rio, só o de São Paulo. João Dória esteve por lá para se divertir e tirar selfies com a galera. Por falar em São Paulo, por lá muitos denunciaram um problema que toma conta de todos nessa época do ano: A falta de latas de lixo e de banheiros químicos são desculpas pela falta de educação de jogar lixo no chão e fazer xixi na rua! Que vergonha... Mas nada muito pior do que arrastões e afins, ou de ver nossa imagem correr o mundo com turistas estrangeiros serem, no mínimo, assaltados.

Enfim, em muitos lugares, o Carnaval acabou. Nesse período, Iemanjá devolveu muita oferenda, muita gente brincou, dançou e pulou, outras, ficaram no sofá curtindo maratona de filmes e séries, ou vendo as Olimpíadas de inverno na Coreia. Para muitos, nenhuma surpresa, para outros tantos, daqui nove meses, veremos o resultado. Enquanto alguns ainda cantam as músicas que aprenderam, há quem vá desfrutar uma bela ressaca moral, com direito a frase: “Ah, eu te conheço de outros carnavais...”. •


Esta crônica também foi publicada no quadro "Aí Tem", na Rádio Sete Colinas (101,7 FM), de Uberaba - MG.