segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A DOR DE BARRIGA

O casal andava pelos corredores de uma enorme loja de departamentos. De repente, o marido escuta um barulho vindo da direção de sua mulher. Sem perder tempo, já soltou:
– Tem vergonha não? Eu ouvi, hein?
– Soltei mesmo. E só tem você por perto, então não enche!
Já um pouco afastado, o homem riu daquela situação. Algum tempo depois, a mulher, já com semblante nervoso, o chama para ir embora. Sem dizer nada, mas estranhando, o marido seguiu em direção à saída da loja, balançando a chave do carro. Porém, antes de entrar no carro, mas já no estacionamento, a mulher andou apressadamente à procura de um banheiro.
Apenas observando o comportamento de sua esposa, o homem ficou em pé ao lado do carro sem dizer nada enquanto a via andar de um lado para outro. Quando ela se aproximou, já disse quase de modo esbaforido:
– Vamos embora logo que eu não estou bem... Minha barriga está começando a doer.
– Mas dá pra aguentar até chegar em casa, né?
– Anda logo, entra nesse carro, homem!
Sem retrucar, ele deu partida no carro e começou a dirigir. Já no trânsito, a impaciência da mulher começou a se tornar ainda mais evidente quando ela gritava pedindo para que ele acelerasse mais o carro e até infringisse a lei, ultrapassando os faróis vermelhos. Vendo a atitude da mulher, o homem queria rir, mas se segurava. Nem mesmo ele sabia o porquê de achar graça daquilo tudo. Antes de responder que não podia cometer aquela infração, ele olha para a mulher e a vê esticada no banco, gemendo e suando frio. O pânico em seus olhos era evidente, parecia que a qualquer momento ela fosse explodir. E, fazendo força como estivesse de algum modo se trancando em meio aos gemidos, mais reclamação, já quase aos gritos, sobre o trânsito.
O homem viu que não daria para ir pra casa. Fez a volta e acelerou o carro em direção a um supermercado. Ao entrar na cancela da entrada do estacionamento, a mulher xingou a voz que desejava “boas vindas e boas compras”. Já com receio de qualquer incidente naquele carro, o homem dirigiu rapidamente à porta principal e ficou reparando se a mulher iria se borrar enquanto adentrava a procura de um banheiro. Depois de achar uma vaga, entrou no mercado, comprou algo pra comer e validou seu ticket, que dava direito à uma hora de estacionamento.
O tempo foi passando e nada de sua esposa chegar. Já preocupado, ele se preparava para ir atrás de sua esposa. “O que será que aconteceu com essa mulher?”, ele pensava enquanto imaginava milhares de situações possíveis e imagináveis – todas elas envolvendo uma grande sujeira – “será que ela está sem papel? Acho melhor ligar...”. Pegou seu celular e ligou, mas ela havia deixado a bolsa no carro.
Quase quarenta minutos depois, a mulher chega. O rosto pálido era um misto de alívio e angústia. Ao entrar no carro, antes que o homem pudesse perguntar qualquer coisa, a mulher diz:
– Melhor você não abrir a boca pra falar nada... Ou não acha que eu percebi que você estava tirando sarro da minha cara? Você sabe que me intestino vive preso e quando solta é de uma vez! E eu nem sei pra quê estou te dando satisfações... Vamos embora logo, Arlindo! E não quero ouvir um pio!
No trajeto para casa, só restou ao homem imaginar o que havia acontecido enquanto continha sua vontade de rir daquela situação. Ele sabia que se soltasse o riso, poderia sofrer consequências que não cheirariam nada bem. •


Esta crônica também foi publicada no Jornal de Uberaba.

sábado, 26 de agosto de 2017

O RIO DE JANEIRO CONTINUA O MESMO

Esta semana estive no Rio de Janeiro, precisava acertar uns ponteiros e resolver os ajustes finais do meu próximo livro. Não é a primeira vez que estive lá, mas já fazia algum tempo desde que pisei em terras cariocas pela última vez. Assim que cheguei, já recepcionado pelo taxista que me levava até meu primeiro destino, uma avalanche de reclamações terroristas. Sim, porque pra falar a verdade, eu fiquei apavorado só com aquele primeiro diálogo. “Se você puder resolver tudo até o meio dia, vá embora rapidinho, antes do almoço, se puder!”, declarou o taxista com seu sotaque novelístico. Naquela manhã, fiquei inquieto por conta daqueles comentários, não porque me deixei levar pelos do taxista falastrão, mas por que as notícias corroboravam o que me foi dito. Enquanto trabalhava, olhava constantemente janela afora.
Homenagem mais que merecida ao grande Pixinguinha
Porém, como fui criado em cidade grande – que infelizmente já força seus concidadãos a conviver com a violência desde sempre –, comecei a relaxar e me deixar levar pelos encantos da “Cidade Maravilhosa”. Saindo da rota turística, já que estava ali exclusivamente a trabalho e não tinha tempo para tal, me ative ao que o mundo da cultura e da boemia oferecia. Como já disse, não foi minha primeira vez no Rio, mas vi o Rio pela primeira vez como não havia visto ainda. Ao andar pelas ruas históricas, como a Rua do Ouvidor, pude sentir a festividade carioca no ar, pude ver a alegria de quem gosta de liberdade, da música, dos poemas cantados ao vento, dos aromas e sabores inebriantes. Embora já tenha conhecido em outra ocasião o Pão de Açúcar, o Corcovado e tudo mais que faz parte do cartão postal, não senti falta de nada. Os encantos da arquitetura, das passagens estreitas, dos carros antigos, dos trejeitos e sorrisos, exalam história.
Uma pausa no "escritório", na companhia dos
gigantes de diferentes gerações
Nem preciso dizer que um banho de cultura ajudou a melhorar a qualidade de meu trabalho ali. A inspiração recebida ajudou, mesmo que eu ainda ficasse, às vezes, arredio ao caminhar pela cidade. Se existe uma coisa que aprendi aqui em Minas, é que precaução e canja de galinha nunca fazem mal a ninguém... Mas tudo correu bem, mesmo que o taxista que me levava embora, já no final de tudo, ainda continuasse com a mesma atitude do primeiro, e ainda confirmou suas palavras me mostrando um boletim de ocorrência de um assalto sofrido, que ele fez questão de tirar do porta-luvas.
Ao sair do Rio, senti um misto de cansaço, alívio, saudade e alegria. Mesmo com toda a violência que toma conta daquela cidade, como disse Gilberto Gil na sua canção “Aquele abraço”, de 1969: O Rio de Janeiro continua lindo... •


Este artigo também foi publicado no quadro “Aí tem”, da Rádio Sete Colinas 101,7 FM de Uberaba – MG. Clique aqui para ouvir!

sexta-feira, 30 de junho de 2017

VETTEL, HAMILTON E A PREVISÃO DO PATETA

Escrevi uma crônica para o Jornal de Uberaba onde eu falava sobre o trânsito e especificamente sobre o motivo de tê-lo feito. Em suma, tudo começou pelo episódio que tratarei aqui.
Estava eu assistindo no último domingo (25) a uma corrida de Formula 1, o GP do Azerbaijão, e após muitas ocorrências envolvendo a entrada do carro de segurança (que interrompe temporariamente a corrida, fazendo com que os pilotos não possam ultrapassar uns aos outros e tenham que andar enfileirados em “baixa” velocidade), eis que de repente, o alemão Sebastian Vettel bate na traseira do inglês Lewis Hamilton.
No caso deles existe também a competitividade,
mas por que as pessoas se transformam ao entrar em um veículo?

Nervoso, já que o alemão culpou o inglês por ter freado bruscamente de modo desnecessário, acelerou, e gesticulando muito como se estivesse esbravejando, jogou seu carro em cima do outro, provocando uma colisão lateral. Alguns dizem que Hamilton fez isso para provocar Vettel, outros, atacam o alemão, dizendo que é inadmissível o que ele fez, independentemente se foi provocado ou não. “Se eu fizesse isso no trânsito, perderia minha licença”, disse o ex-presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Max Mosley.
O fato é que os dois pilotos são exemplos para muita gente mundo afora. Não é essa a atitude que esperamos de um tetracampeão mundial na categoria automobilística mais respeitada do mundo.
A punição para Vettel no momento da corrida foi de um Stop & Go (onde o piloto deve entrar para os boxes, mas a equipe não pode encostar no carro, ou seja, ele ficará lá paradinho) de dez segundos. Pouco, em minha opinião. Após a corrida, a organização irá se reunir para saber se haverá ou não sanções para o piloto.
Passando para nossa esfera do cotidiano, não sei se você se chegou a assistir ou não, mas existe um desenho animado com o personagem Pateta (Motor Mania, Walt Disney Productions, 1950), que hoje (30) completa 67 anos de idade, entretanto, parece que foi feito para os dias atuais, pois relata bem como as pessoas se transformam quando estão atrás de um volante. O comportamento dos motoristas e pedestres está cada vez mais questionável, fazendo do trânsito cada dia mais violento e inseguro.
E digo mais: O trânsito não é feito apenas de motoristas, mas de pedestres, ciclistas, etc., que vale ressaltar, também gostam de infringir as leis de trânsito. Responda rápido: Quantos atropelamentos são feitos por travessias feitas fora da faixa de pedestres? Quantos ciclistas percorrem pelas ruas de modo irresponsável? É claro que a maior causa dos acidentes envolvem condutores de veículos, especialmente se estes estão embriagados ou entorpecidos... Enfim, reflitamos.
Claro que existe também a responsabilidade por parte das prefeituras em manter as vias e sinalizações em perfeitas condições para que o trânsito flua bem e de maneira segura, assim como o governo (ou as concessionárias) devem manter as rodovias em perfeito estado, mas isso é assunto para outra hora.
Sejamos gentis no trânsito. Seja você ciclista, pedestre ou motorista, aja com os outros como você gostaria que agissem com você. Quem faz o trânsito, somos nós. •

quarta-feira, 14 de junho de 2017

O ESTAMPADO DA TESTA

Dias atrás, recebi um vídeo onde um rapaz, com olhar tristonho de quem estava sendo, de alguma forma, coagido, respondia perguntas enquanto estava prestes a receber uma tatuagem na testa de presente com os dizeres: “Eu sou ladrão e vacilão”. A explicação: um rapaz foi pego em flagrante tentando roubar uma bicicleta e dois homens, dentre eles um tatuador, resolveram fazer justiça com as próprias agulhas e tesouras.
É bem provável que você tenha visto o vídeo ou ao menos alguma reportagem sobre ele, já que viralizou e tomou conta da mídia. Como você se sentiu? Sensibilizado, já que não era para tanto? Vingado, porque todo bandido deve ser severamente punido? Cada um tem a sua resposta, o que certamente rendeu e renderá muito assunto em boteco, cabeleireiro e, claro, no Youtube.
Será que alguém roubou o bolo de alguém?

E o rapaz, que teve não apenas sua testa tatuada, mas seu cabelo raspado para que todos pudessem ver a frase estampada, seria ele uma vítima da sociedade ou seria a sociedade vítima de pessoas como os personagens do vídeo? Estariam os punidores corretos ou eles deveriam também receber punição? Perguntas simples com respostas complicadas.
O caso foi parar na polícia e os, até então, justiceiros se transformaram em vilões. O tatuador e seu comparsa, que tiveram seus cinco minutos de fama, vão responder por crime hediondo de tortura, o rapaz, que negou o furto e, segundo informações, é dependente de drogas, pode se revoltar ainda mais devido a humilhação pública, e o deficiente dono da bicicleta, que não aparece no vídeo, mas é citado, caiu de paraquedas no meio dessa balbúrdia.
Isso tudo sem contar a “vaquinha” que já arrecadou mais de vinte mil reais para que a tal tatuagem seja removida. Seria ela uma prova de que o crime compensa ou de que o ser humano é capaz de ser solidário até mesmo numa hora dessas?
Enquanto isso, a sociedade brasileira tem em sua testa tatuada a palavra “Otário”, porque é certo que quem mais gosta de episódios assim são os políticos, pois celebram a mudança de foco. Para eles, quem venham mais vídeos como este. •

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

PICADA DE COBRA E DE ARRAIA

JOGANDO FUTEBOL, QUEBREI MINHA perna em dois lugares e por conta disso, precisei de intervenção cirúrgica. Isso já tem pouco mais de três anos. Como não tinha plano de saúde, acabei parando no corredor de um hospital público. Enquanto estava naquele lugar cheio de pessoas com situações semelhantes e algumas vezes até piores que a minha, e como tenho facilidade em fazer amizades, em pouco tempo já estava conversando com o pessoal que estava em derredor.
Para não citar nomes, falarei apenas das situações em que todos se encontravam. Uma mulher que havia sofrido um AVC e estava em observação, uma senhora com suspeita de pneumonia, um rapaz de braço quebrado também aguardando cirurgia, uma senhora que acompanhava a filha que estava com suspeita de leucemia e mais algumas outras pessoas.
De repente, aparece um homem e cumprimenta a mulher que acompanhava a filha. Eles eram de uma cidadezinha próxima de Uberaba, onde resido atualmente. O pai dele havia sido trazido às pressas, pois ao arrancar um pé de mandioca, foi surpreendido por uma cobra que o picou na perna.
– Mas e como ele está? – Perguntou a mulher com ares de preocupação.
Se você não entendeu, imagina eu!
– Tá bem... Tá lá em observação. Na hora, a gente colocou um ovo cozido em cima, que chupou o veneno. – Respondeu o rapaz de modo matuto.
– E a cobra? – Ela continuou com a conversa.
– Trouxe. Tá aí, mortinha.
– E o ovo?
– Trouxe também. Tá aí, pretinho.
Eu só observava. Fiquei imaginando a cena, mas não conseguia acreditar que aquilo era possível, sequer lógico, mas o rapaz afirmava que o veneno não estava mais no pai dele. De fato, eu pude ver que o aquele senhor que aparentava ter uns setenta e poucos anos, estava bem. E não era apenas eu que estava intrigado. Os médicos levaram o ovo e a cobra para serem estudados. Enquanto isso, o debate corria, onde uns defendiam a tese enquanto outros a questionavam.
Até então, eu só assuntava, mais eis que o assunto rendeu outro, esse sim contou com minha participação. Eis que a mulher do AVC, que estava na maca ao lado da minha (atrás, na realidade, pois estávamos em fileira) começou dizendo que sabia como curar uma picada de arraia. Ela começou dizendo:
– Gente, não é pra rir, mas sabe como se cura picada de arraia?
– Como? – Perguntou a senhora que estava na maca à frente da dela.
– Assim que a arraia picar é só passar lá nas partes da mulher que sara!
– Lá onde?! – Eu interrompi já de modo sarcástico.
– Lá... Lá nas partes! – Ela respondeu fazendo gestos com a mão, apontando pra baixo.
Todos riram ao ver o embraço daquela mulher, ainda mais porque eu continuava com o olhar jocoso, de quem está procurando o tempo da piada. Até que soltei:
– Estou imaginando o tempo que perdi... Mas agora, toda vez que eu for à praia, vou provocar uma arraia até que ela me pique, depois eu chego pra uma mulher e falo: “moça, me empreste aí “suas partes” rapidinho, só pra eu curar essa picada de arraia?” – Nem preciso dizer que a risada foi geral.
– Mas por que você não usa a da sua mulher? – Perguntaram-me.
– Ah, não... Vai que murcha! Prefiro pegar de uma estranha! – Mais risadas ainda.
– Aí então, você experimenta de várias. Uma ruiva, uma negra, uma japonesa... – Disse a senhora com pneumonia, dando uma risada rouca seguida de tosse.
– Ah, com certeza! Daqui um tempo, a gente vai se encontrar em outra situação e vocês vão me ver todo furadinho, e já vão logo saber que eu estava brincando com as arraias...
– Eu vou lá com você! – Exclamou o rapaz de braço quebrado.
– Não, não... Pra você eu já tenho um ovo cozido separado! – Retruquei de imediato.
A essa altura, as risadas já haviam se tornado em gargalhadas, e justamente por isso, apareceu uma enfermeira sisuda, deu um pito em todos nós e acabou com nossa farra, colocando todos pra dormir aplicando Cloridrato de Tramadol no soro de todo mundo. E o sono foi pesado. Só não sei dizer se sonhei com picada de arraia... •


Esse artigo também foi publicado no Jornal Folha de Nanuque em Fevereiro de 2017.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O NOJINHO DE BARATAS

ESTOU TENTANDO MUDAR MEUS HÁBITOS – até porque estou precisando – e ontem de manhã, quando acordei e ainda com os olhos embaçados, vi um pequeno vulto se movendo lentamente no chão, vindo da direção da porta. Esfreguei os olhos e vi que era uma barata “gigantesca”. Das duas uma, ou ela estava acordando também, ou estava desnorteada por causa de veneno – não importa –. Cabe aqui o adendo de que uma barata corre até um metro por segundo, considerando seu tamanho, proporcionalmente ao homem, o repulsivo inseto atingiria velocidade de até 150 km por hora! Mas lá estava ela, quase que passeando pela sala. Peguei minha arma letal contra baratas – meu chinelo de dedos – e mesmo ainda um tanto inebriado por causa do sono, já que era por volta das sete horas da madrugada, arremessei contra aquele bicho infeliz e o matei.
Não, elas não são assim, mas não quis colocar uma foto original.
Naquele momento, meu estômago embrulhou. De uns tempos pra cá, estou com essa coisa, não sei dizer exatamente o motivo, mas vamos voltar um pouco no tempo pra você entender o que estou querendo dizer.
Quando eu era menino, não tinha qualquer problema com baratas, aliás, até cheguei a criar algumas dentro de um vidro, mas as miseráveis não aguentavam muito tempo e morriam, talvez porque faltava alimento ou ar (estou rindo neste momento em que escrevo isso). Mais ou menos naquela época, saiu um filme, que inclusive assisti mais de uma vez e até me divertia, chamado “Joe e as Baratas” [Joe’s Apartment, filme de comédia musical de 1996 produzido pela MTV Films] que mostra esse asqueroso inseto falando, cantando e dançando.
Nunca tive medo de baratas e sempre que vejo uma, tenho o ímpeto de mover céus e terras para aniquilá-las a qualquer custo. A propósito, não consigo entender o medo de baratas sentido por algumas pessoas. O que será que elas pensam? Que a barata irá receber um raio do Gyodai, ficar gigante e destruir a casa? (se acaso isso acontecer, ligue imediatamente para os “Changeman”), ou que ela irá avançar e te morder? – cabe aqui mais um adendo de que sim, baratas mordem, mas apenas quando você está dormindo, li isso na revista Superinteressante – E aquela que pode causar ataques de pânico: A barata voadora.
A melhor definição de medo de baratas que ouvi, foi no filme “Eu estava justamente pensando em você” [Comet, comédia romântica de 2014], onde a protagonista define o medo de baratas que as mulheres têm dizendo que elas “são nojentas, portadoras de doenças comprovadas pelo fato de terem sido uma praga bíblica. Além disso, elas também amam pôr ovos em suas vaginas.”. Simplesmente hilário.
Odeio baratas, tenho verdadeira ojeriza pelas tais e sinto náuseas só de imaginá-las. Quando mato alguma, o faço quase que com ódio. De onde vem essa frescura? Não sei, sinceramente não sei. Só sei que foi assim. Estou usando este texto como terapia, mas é bem provável que eu não coma nada pelas próximas horas... (Ri de novo).
E por falar em comer, sabe aquele gatinho de estimação que você ou algum conhecido seu tem? Que é lindinho, com o pelo macio e tal? Então, vou te contar uma novidade: Ele adora comer baratas. E olha que nem vou mencionar a relação entre baratas e chocolates! Se você é um chocólatra, melhor pesquisar no Google antes de dar sua próxima mordida. (Agora estou rindo novamente porque você ficou com a pulga atrás da orelha, assim como eu fiquei).
Voltando ao início, depois de ter matado aquele monstrengo, peguei um papel, recolhi o cadáver esmagado, limpei aquela gosma no local e óbvio, não tomei café da manhã...
Ficou com nojinho também, né? Sei bem como é isso. •

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

PARABÉNS, SÃO PAULO!

São tantos os adjetivos usados para definir uma das maiores cidades do mundo, mas acredito que um dos principais seja “ansiedade”, principalmente pela vontade em se fazer tudo e ao mesmo tempo. Pra você que nunca foi a São Paulo e já ouviu a expressão “cidade que nunca dorme”, acredite, é a mais pura verdade.
Pra ser bem sincero, num primeiro olhar ela até assusta. Tente visualizá-la de cima de um prédio ou do alto de algum morro e você verá um mar de construções que não tem fim. Parece que a cidade não acaba. E não acaba mesmo! Ela emenda com outras, o que faz dela ainda mais imponente, enérgica.
Avenida paulista e o mar de prédios que a envolve

São mais de vinte milhões de pessoas que se revezam em deixar São Paulo um organismo gigantesco e imparável. Lugar que tem tudo, que abriga tudo, que acolhe a todos. Cidade cinza? De longe... – na verdade existe uma faixa de poluição que paira sobre a cidade que é assim – Mas um olhar de perto revela que na realidade São Paulo é preto, branco, amarelo, vermelho... Colorida!
E o que dizer da universalidade de sabores? Dar uma volta ao mundo é fácil! Imagine algo que você pensa em comer, algo de qualquer parte do mundo... Imaginou? Pois é, lá você encontra – e a qualquer hora! –. Só que em meio a sabores inimagináveis, existe um que carrego o tempo todo em minha memória: Pastel com caldo de cana na feira. O sabor, o barulho, o ambiente... Hummm...
Vista interna do Mercado Municipal
Cultura é o que não falta. Museus, shows, exposições... A cidade inspira e expira arte. Apenas em andar pelo centro de modo observador, qualquer um pode ver que está em um lugar histórico. Um dos meus favoritos é o Mercado Municipal (foto).

Ônibus, metrô, carro, motoboy... Tem de tudo! Motivo de mais ansiedade e nervosismo. Ir rapidinho a algum lugar? Esquece. É muita gente pra um só lugar. Nesse quesito, tudo é uma maratona.
Outra coisa que não há de se negar é que todas as estações do ano ocorram no mesmo dia. Já passou frio, calor, viu chuva e sol tudo de uma vez? Lá você encontra. Foi-se o tempo em que São Paulo era a terra da garoa.
Nasci e cresci em São Paulo. Tenho raízes lá. Já morei em outras capitais, mas só São Paulo sabe ser acolhedora, pois é de todos. Mas como nada é perfeito, tem seus encantos, mas tem seus defeitos – e não são poucos. Terra pra quem aguenta o tranco, pra quem busca oportunidades, pra quem espera.
Poderia ficar horas falando de São Paulo, mas vou resumir. Sendo assim, parabéns pelo aniversário e um beijo deste filho que mesmo de longe tanto te admira e até sente falta. Quem sabe eu volto logo? •

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS PESSOAS?

JÁ FAZ UM TEMPO QUE VENHO tentando mudar alguns hábitos, especialmente o de não reclamar. Depois que ouvi que eu reclamava de tudo, decidi que era hora de me policiar, aproveitei o gancho e procurei observar minhas atitudes. Só que com isso, comecei a observar as ações de todos ao meu redor, e pude prestar atenção que o povo de maneira geral é “reclamão”, rude, não é receptivo a ideias, pessoas novas e muito menos à proatividade alheia. Pode parecer grosseiro de minha parte, mas é bem isso que tenho observado.
Quer ver só? Esses dias eu estava no mercado que vou de costume. Toda vez que chego lá, converso com todos. Seguranças, funcionários, açougueiros, balconistas... E até mesmo alguns clientes, já que muitas vezes nos “esbarramos” por lá. Os donos sempre estão no caixa e sempre simpáticos, conversadores e atenciosos. Assim que cheguei, um deles estava lá e como de costume, cumprimentei-o, e mesmo tendo passado alguns dias após o réveillon, desejei-lhe um feliz ano novo. Para manter a educação, estendi a mão e fiz o mesmo com uma senhora que eu não conhecia, e que estava no caixa passando suas compras. Além de apenas responder com um breve aceno e um olhar frio, ela me deixou com a mão estendida. Somente após o dono do mercado franzir a testa é que ela pegou em minha mão, mas não disse nada. Sem graça, segui meu rumo, mas logo recebi o carinho de um dos funcionários, que presenciou a cena – o rapaz se indignou, mas eu ri. Talvez de vergonha...
Mas não é apenas da atitude daquela senhora que estou me referindo. Eu poderia citar outros exemplos, como de amigos e pessoas próximas que eu fiz de um tudo para que se aproximassem tanto de mim quanto de outros amigos, mas que no final, recebi a frieza da individualidade e até me fizeram alvo de falácias. Logo a mim, cidadão paulistano que tem a fama de não conversar com vizinho de porta...
E olha que nem falei de modo geral. Bastam cinco minutos com a televisão ligada no canal certo – ou seria errado? – que meu dia vai para o espaço. Roubos, assaltos, morte e uma série de coisas ruins que são decorrentes de egoísmo, inveja e orgulho. Não que eu queira viver ou pregar algo utópico, mas prefiro ficar longe de notícia ruim... Você se lembra daquela famosa frase de desenho animado: “Adeus, mundo cruel...”? Ao que me parece, o mundo está cada vez mais cruel mesmo...
No fim das contas, cá estou reclamando, né? Sim, mas desta vez, de modo proposital. Não por uma questão de desabafo, até porque, sou resolvido nessa parte – sou daqueles que se você quer ser meu amigo, ótimo, se não quer, siga sua vida que eu sigo a minha e tá tudo certo... – o intuito é que as pessoas, como você, meu caro leitor, atentem nas outras pessoas. Deem ideias, aceitem ideias, façam sem esperar, sejam amistosos, divirtam-se, sejam pacientes, amem-se a si mesmos e aos outros, mas acima de tudo, saibam que o direito de um está quando termina o direito do outro. O conselho é para todos nós.

Obrigado, de nada.