Tenho certeza de que você se lembra de alguma coisa inusitada de sua
infância. Hoje eu vou compartilhar contigo algumas das minhas. Mas vou contar
das mais leves, vou deixar minhas peraltices – como envenenar as plantas de
minha mãe achando que estava fazendo ciência, ou botar em curto a instalação
elétrica da casa de minha avó porque jurava que ia conseguir revolucionar a
tecnologia usando peças de eletrodomésticos velhas na oficina do meu avô – para
outro momento.
Até hoje me recordo de Solange, uma babá que eu e meus irmãos tínhamos. Ela
era magricela, dentuça e com o cabelo meio ouriçado. Pensando agora, acredito
que ela seja apenas poucos anos mais velha que eu, mas naquele tempo, a diferença
era enorme. Foi com ela que aprendi a gostar de Michael Jackson e a passar
trote, – Quem aí não ligou para o vizinho perguntando se tinha um carro branco
gelo estacionado na porta... – aliás, lembro-me de uma situação em que ela
comeu o leite condensado de uma lata inteira e tentou jogar a culpa na gente –
Pode isso, Arnaldo?
Não consigo me lembrar exatamente de como foi a reação de minha mãe, mas
aposto que ela ficou uma fera. Não sei que fim levou Solange. Da última vez que
recebi notícias dela, ela se casou e teve um filho, que ela obviamente deu nome
de Michael.
Logotipo do programa |
E por falar em trote, me lembro de ter usado o telefone para ganhar um dinheirinho. Lá nos idos dos anos oitenta, o SBT tinha um game show chamado “TV Pow”, que passava à tarde. “Veja que bom jogar com a gente na TV Pow!”, dizia a abertura do programa. Para que você saiba como funcionava, a pessoa ligava e o apresentador – no meu caso foi a Mara Maravilha – a guiava no jogo. A pessoa tinha de gritar como um desembestado a palavra POW (pronuncia-se PAU) e fazer pontos que valiam dinheiro.
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A minha era azul |
Não sei precisar quanto ganhei, mas nunca vi a cor do dinheiro. Primeiro,
porque eu não era ligado a isso, segundo – e isso fiquei sabendo anos depois –
meus pais e meus irmãos foram até o SBT, pegaram a grana e conheceram os
artistas, enquanto eu estava na escola. Meus pais embolsaram o dinheiro e me
compraram presentes – roupas e uma bicicleta Caloi de garupa, horrível. E eu
que sonhava com uma BMX Cross...
Acredite, eu fui capaz de logo nos primeiros passeios, conseguir dar um
mortal com aquela bicicleta – não, não foi de propósito – e entortei a roda da
frente, que ficou parecendo um “8”. A
cicatriz que carrego perto da costela esquerda é testemunha disso.
E você? O que você se recorda de sua infância?
Essa história me fez lembrar da minha Caloi, iqualzinha só que vermelha.
ResponderExcluirParabéns Carlinhos pelo trabalho.
Abraço
Bom... como todo bom muleque que era, também carrego pelo corpo várias marcas deixas pelos tombos com minha bicicleta, afinal éramos mágicos na "pilotagem" das magrelas, fazendo diversos malabarismos e dando bastante trabalho ao Anjo da Guarda. Hoje ao pensar nisso, não consigo imaginar meu filho pela rua como fazia antigamente, onde minha mãe apenas pedia para voltar antes de anoitecer.
ResponderExcluirParabéns pelo site!!!
ResponderExcluirParabéns pelo site!!!
ResponderExcluirParabéns e sucesso ao site!
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