quarta-feira, 8 de junho de 2016

AGORA, UM POUQUINHO SOBRE MINHA ADOLESCÊNCIA

Esses dias, enquanto estava assistindo televisão, me lembrei de quando era adolescente. Especificamente em uma parte – não tão legal assim – onde sofri na mão de dois valentões que moravam na rua de minha casa. Eram dois irmãos. Pensando bem, acho que até dou um pouco de razão a eles. Enfim, vamos começar do começo.
Eu devia ter uns onze ou doze anos. Um pouco acima da casa em que eu morava haviam dois irmãos fissurados em lutas. É engraçado lembrar que eles se achavam fortões e por conta disso usavam camisetas sem manga para mostrar os finos braços, mas estufavam o peito tal qual um galo garnisé. Mas não eram estes os irmãos que me aterrorizavam, no entanto, eles foram os causadores. Chegaremos lá.
Incentivado pelos irmãos karatê-kid, eu também comecei a agir como eles. Frequentemente andávamos os três com as camisetas enroladas nas mãos apenas para mostrar o raquítico peitoral estufado achando que estávamos “abalando”. Pouco a pouco, começamos a aumentar nossa gangue de “lutadores sem adversários” – sim, porque a única coisa que fazíamos era imitar os golpes que víamos nos filmes e comentar sobre eles – e conquistamos mais dois adeptos.
Só que aquilo ainda não era minha praia. Eu estava apenas sendo levado. E o motivo era um só: A prima deles. Sim, meus caros, eis o motivo de eu me deixar levar por tamanha ridicularia. O pior de tudo é que eu ainda me lembro da menina e ela nem era tudo isso. Uma morena bem magrinha, sem graça e metida. A única coisa que ela tinha de bonito era o enorme cabelo preto liso e comprido. De resto, nem simpatia. Mas o fato é que eu estava com aquela paixão reprimida.
E como todo bom adolescente, não poderia deixar de fazer uma burrada, não é? Pois foi aí que o bonitão aqui resolveu fazer uma “listinha” das garotas que já havia pegado – o detalhe é que eu nunca havia pegado ninguém – e dentre as listadas estava justamente aquela que eu julgava ser a garota dos sonhos. Mas a burrada não foi em fazer a listinha e sim em mostrá-la aos outros garotos com ar de vanglória. E fui mostrar justamente para os primos dela. Agora é que o caldo entorna, porque os dois – não sei se por ciúme ou não – contaram para os irmãos mais velhos dela, que também eram aficionados em lutas. Só que por serem mais velhos, já gostavam de partir para o tapa.
Quando esses dois caras souberam de tudo, vieram pra cima de mim e com dedo em riste me ameaçaram. É mais do que óbvio que eu neguei tudo, mas mesmo assim, eles pegaram tanto no meu pé a partir daquele momento, que, além de eu deixar de andar com os outros moleques e ficar só trancado dentro de casa, toda vez que eu voltava da escola – geralmente por volta das oito da noite – eu dava uma volta enorme só pra não passar na frente da casa deles.
Se eu fiquei de fato com a menina? Bom, isso é assunto pra outra história... 

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