Esses dias, enquanto estava assistindo televisão, me lembrei de quando
era adolescente. Especificamente em uma parte – não tão legal assim – onde sofri
na mão de dois valentões que moravam na rua de minha casa. Eram dois irmãos. Pensando
bem, acho que até dou um pouco de razão a eles. Enfim, vamos começar do começo.
Eu devia ter uns onze ou doze anos. Um pouco acima da casa em que eu morava
haviam dois irmãos fissurados em lutas. É engraçado lembrar que eles se achavam
fortões e por conta disso usavam camisetas sem manga para mostrar os finos
braços, mas estufavam o peito tal qual um galo garnisé. Mas não eram estes os
irmãos que me aterrorizavam, no entanto, eles foram os causadores. Chegaremos lá.

Só que aquilo ainda não era minha praia. Eu estava apenas sendo levado. E
o motivo era um só: A prima deles. Sim, meus caros, eis o motivo de eu me
deixar levar por tamanha ridicularia. O pior de tudo é que eu ainda me lembro
da menina e ela nem era tudo isso. Uma morena bem magrinha, sem graça e metida.
A única coisa que ela tinha de bonito era o enorme cabelo preto liso e comprido.
De resto, nem simpatia. Mas o fato é que eu estava com aquela paixão reprimida.
E como todo bom adolescente, não poderia deixar de fazer uma burrada, não
é? Pois foi aí que o bonitão aqui resolveu fazer uma “listinha” das garotas que
já havia pegado – o detalhe é que eu nunca havia pegado ninguém – e dentre as
listadas estava justamente aquela que eu julgava ser a garota dos sonhos. Mas a
burrada não foi em fazer a listinha e sim em mostrá-la aos outros garotos com
ar de vanglória. E fui mostrar justamente para os primos dela. Agora é que o
caldo entorna, porque os dois – não sei se por ciúme ou não – contaram para os
irmãos mais velhos dela, que também eram aficionados em lutas. Só que por serem
mais velhos, já gostavam de partir para o tapa.
Quando esses dois caras souberam de tudo, vieram pra cima de mim e com dedo
em riste me ameaçaram. É mais do que óbvio que eu neguei tudo, mas mesmo assim,
eles pegaram tanto no meu pé a partir daquele momento, que, além de eu deixar
de andar com os outros moleques e ficar só trancado dentro de casa, toda vez
que eu voltava da escola – geralmente por volta das oito da noite – eu dava uma
volta enorme só pra não passar na frente da casa deles.
Se eu fiquei de fato com a menina? Bom, isso é
assunto pra outra história... •
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