Nas minhas andanças por aí, conheci um homem que passava dos limites da
teimosia. Até hoje não consegui descobrir o nome dele, mas sei que o apelido
era Caco. Tenho certeza que você conhece alguém teimoso, ignorante e bruto.
Desses, tem aos montes por aí. Mas Caco por certo ganha de todos.
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Que foi? Vai encarar? |
A única pessoa que tinha paciência para ficar perto de Caco era Emir. Seu
fiel amigo desde a meninice estava sempre disposto a ajudar o companheiro e
principalmente, aguentar suas grosserias. Certo dia, os dois estavam trabalhando
na fazenda, capinando uma roça, quando Caco começou a reclamar da quentura do
sol:
– Não aguento mais! Que vida é
essa! Já estou de saco cheio disso tudo! Amanhã eu vou embora daqui desse lugar
dos infernos!
– Caco... Não fale assim não... –
Dizia Emir com voz lenta repreendendo mansamente – é até pecado reclamar desse tanto...
– Pois eu reclamo mesmo! Não
aguento mais! E não tem essa de pecado coisa nenhuma!
Mal ele acabou de falar, Caco se transformou num sapo. Virou notícia pra
tudo que é lado. Todo mundo queria saber o que aconteceu e Emir calmamente
explicava pra todo mundo sobre o castigo de Caco por ter reclamado demais.
Durante muito tempo, Caco, agora sapo, ficou coaxando na lagoa daquela fazenda,
até que um dia, com a mesma ligeireza, se transformou de volta em homem. Castigo
terminado, as coisas ainda demoraram um tempo para voltar ao normal, mas com
seu mau humor de sempre, Caco conseguiu espantar os curiosos.
Como num Déjà vu, lá estavam os
dois amigos novamente trabalhando no mesmo lugar, na mesma roça, quando Caco
esbravejou:
– Esse sol quente dos infernos...
Não aguento mais! Já estou ficando de saco cheio!
– Fala isso não, Caco... –
Retrucou Emir pacientemente – Já se esqueceu,
foi? Não pode falar assim não... É até pecado falar uma coisa dessas...
– Pois eu falo mesmo! E qualquer
coisa, a lagoa tá logo ali! •
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